domingo, 7 de novembro de 2010

ARTIGO DE OPINIÃO DA E.E. VICENTE DE FONTES, SELECIONADO PARA A FASE REGIONAL, DISCUTE A TRANSPOSIÇÃO DAS ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO




A TRANPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO: SONHO OU PESADELO?

 
Expondo um retrato fiel dos espaços interioranos do Nordeste brasileiro, Angincos é uma pequena comunidade rural que fica, aproximadamente, a oito quilômetros do município de José da Penha-RN. A vida nesse lugar é simples e pacata. A agricultura é a principal fonte de sobrevivência de quase toda uma população que traz a esperança de um dia acordar e ver um cenário de mudanças e de melhorias de vida. Um fato que nos últimos dias vem dividindo opiniões é o projeto de transposição do Rio São Francisco, que ora se mostra como um benefício, ora se apresenta como algo maléfico para a população ribeirinha. É por meio dessa visão que se pode questionar se estamos diante da realização de um sonho ou no meio de um grande pesadelo.

Muito se discute sobre a ideia da vinda de tanta água para uma população tão pequena como a de Angicos. Colocar em vigor esse projeto é buscar diminuir o problema da seca no sertão nordestino. Na concepção de alguns agricultores e pecuaristas da região, a transposição trará benefícios não só às famílias angiquenses, mas também para as de outras comunidades rurais que sofrem com as drásticas consequências de longos períodos de estiagem. Além disso, estudos realizados pela fundação Joaquim Nabuco sobre o projeto de integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste apontam que a devida transposição possibilitará muitas oportunidades de empregos para a população beneficiada.

Por outro lado, o objetivo da transposição do “Velho Chico” não agrada a muitas pessoas da comunidade de Angicos. Na visão de inúmeros moradores desta localidade, o projeto em foco modificará a vida de diversos agricultores, uma vez que estes terão suas terras e casas inundadas e o ecossistema à margem do rio será afetada. É nessa perspectiva que o São Francisco em transposição irá transpor também a vida de muitos habitantes desse local, pois terão que mudar os costumes, a organização comunitária e, principalmente, as práticas de agricultura. Além do mais, os lucros e vantagens só surtirão efeitos para os latifundiários que possuem condições necessárias para investimentos, o que possibilitará usufruir das águas de maneira eficaz e lucrativa. Então, fico a perguntar: até que ponto esse projeto favorecerá a vida da população carente de Angicos?

Na verdade, o Nordeste necessita de ações que possam trazer benefícios e não colocar em risco a vida do homem do sertão. Por isso que, enquanto moradora da comunidade de Angicos, considero desnecessária a transposição do Rio São Francisco para o lugar onde eu vivo, por parecer mais uma estratégia política do que uma forma de garantir a vida daqueles que se encontram em circunstâncias precárias. Não adianta ver tanta água sem poder desfrutá-la. O que importa são projetos que procurem amenizar a miséria do povo de Angicos, de José da Penha, do Nordeste, enfim, de todo o Brasil.

Assim, o projeto de integração do São Francisco em pouco beneficiará a população angiquense; pelo contrário, afetará em muito a vida daqueles que tanto trabalham para se estabilizar em seu habitat. Não importa cobrir o semi-árido com tanta água, o que interessa é o progresso e a garantia de vida em abundância para todos os habitantes sejam do campo ou da cidade. É necessário, portanto, acordar e fazer valer os direitos, os deveres e os valores de cada um de nós, procurando reduzir as disparidades advindas do campo econômico, político e social.

HILDEGNA MOURA DA COSTA
ALUNA DA 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO DA  E.E.VICENTE DE FONTES- JOSÉ DA PENHA/RN

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